(Este post foi originalmente publicado no blog Into Movies.)
Volta e meia, quando se discute sobre cinema, a pergunta fatídica tende a aparecer: qual o melhor filme de todos os tempos? Obviamente, não há uma resposta fácil − e talvez nem mesmo uma difícil −, entretanto isso nunca impediu que críticos e fãs da sétima arte tentassem buscá-la, utilizando-se dos mais variáveis critérios e referências. No geral, as grandes publicações promovem votações, às vezes especializadas, às vezes mais amplas, para chegarem a uma conclusão que, todos sabem, é tão discutível e dinâmica quanto uma opinião sobre uma pintura de Dalí.
Volta e meia, quando se discute sobre cinema, a pergunta fatídica tende a aparecer: qual o melhor filme de todos os tempos? Obviamente, não há uma resposta fácil − e talvez nem mesmo uma difícil −, entretanto isso nunca impediu que críticos e fãs da sétima arte tentassem buscá-la, utilizando-se dos mais variáveis critérios e referências. No geral, as grandes publicações promovem votações, às vezes especializadas, às vezes mais amplas, para chegarem a uma conclusão que, todos sabem, é tão discutível e dinâmica quanto uma opinião sobre uma pintura de Dalí.
De qualquer modo, ainda que lhes falte uma
absoluta (e inalcançável) confiabilidade, tais rankings podem inspirar e
dar dicas sobre grandes filmes já rodados. Isso porque quesitos como boa
direção, boa fotografia, atuações memoráveis e uma trilha sonora adequada não
são tão relativos assim, e, geralmente, há um certo consenso sobre quais obras
acabam se destacando. É por isso que vale a pena dar olhada nas listas
publicadas de tempos em tempos, nem que seja para conferir se bate com seu
gosto pessoal.
Uma das mais recentes é a da revista de cinema “Hollywood
Reporter”, publicada há cerca de um mês. Para que eles chegassem ao resultado,
convidaram para participar da votação pessoas diretamente envolvidas com a
indústria do entretenimento, como diretores, vencedores do Oscar e donos de
estúdio − entre eles, Alan Horn, o presidente da Disney; Gary Ross, o diretor
do primeiro filme de “Jogos Vorazes”; e Vince Gilligan, criador da série “Breaking
Bad”. As primeiras posições não surpreendem tanto: em primeiro lugar, vem o
famoso filme ítalo-americano «O Poderoso Chefão» (The Godfather,
1972), seguido de «O Mágico de Oz» (The Wizard of Oz, 1939) e «Cidadão
Kane» (Citizen Kane, 1941). Logo após, temos dois filmes recentes: «Um
Sonho de Liberdade» (The Shawshank Redemption, 1994), adaptação de
um livro do mestre do terror Stephen King, e uma das grandes obras de Tarantino,
«Pulp Fiction» (Pulp Fiction, 1994), em 5º lugar.
É curioso observar a carência de filmes mais
recentes nesta lista. O primeiro filme posterior a 1994 a aparecer entre os 100
maiores é «Fargo» (Fargo, 1996), dos irmãos Coen, apenas na 33ª
posição. Somente 15 produções são da década de 2000 e nenhuma delas é
encontrada antes dos cinquenta primeiros. Essa observação ajudaria a corroborar
a teoria de que há uma tendência natural a se valorizar os filmes mais antigos,
talvez porque, com o avanço das tecnologias de efeitos gráficos, os estúdios
estejam deixando de lado a qualidade do roteiro para visarem uma maior
bilheteria através de fórmulas previsíveis aliadas com espetáculos visuais. Não
há nenhum filme brasileiro no ranking.
Mas talvez mais interessantes que as opiniões
técnicas, sejam as opiniões dos próprios espectadores. Nesse sentido, vale a
pena analisarmos a publicação da Revista Empire dos “301 Maiores Filmes de
Todos os Tempos”. Com o sucesso da lista anterior da Empire, de 2008, que
reuniu 10 mil leitores e dezenas de críticos para chegarem aos 500 Maiores
Filmes, foi aberta uma nova enquete aos leitores e o resultado, após ‘centenas
de milhares’ de participações, foi divulgado em maio deste ano. Em 2008, o topo
pertencia também a «O Poderoso Chefão», acompanhado de «Indiana Jones
e Os Caçadores da Arca Perdida» (Raiders of the Lost Ark, 1981) e «Star
Wars Episódio V: O Império Contra-Ataca» (Star Wars Episode V: The
Empire Strikes Back, 1980). Na lista atual, os três continuam entre os dez
primeiros, mas com uma ligeira troca de posições: a medalha de ouro ficou com o
quinto volume da franquia de George Lucas, e a de prata com o drama de Don
Corleone. Em terceiro, um filme lançado no mesmo ano da lista anterior: «Batman:
O Cavaleiro das Trevas» (The Dark Knight, 2008), marcado pela exímia
atuação de Heath Ledger.
Existem vários recortes possíveis de serem
feitos com essas três centenas (mais um) de filmes, que acabam revelando um
pouco mais sobre os gostos dos espectadores e podem dar uma luz para que
possamos compreender melhor o que faz o sucesso de um filme. Por exemplo, é
notável que a hexalogia “Star Wars” fez bastante sucesso, tanto que quatro dos
filmes estão na lista − deixando de fora os dois primeiros da nova trilogia, que
contam a história de Anakin Skywalker antes de se tornar o terrível Darth Vader.
As expectativas também são bastante altas para o Volume VII da saga, que está
sendo dirigida por J. J. Abrams e sobre o qual ainda não sabe muita coisa. J.
J., ou Jeffrey Jacob, também fez parte da equipe por trás de «Star Trek»
(Star Trek, 2009) e «Além da Escuridão - Star Trek» (Star Trek
Into Darkness, 2013), lembrados em 188º e 245º lugares, respectivamente.
O diretor Christopher Nolan é um dos mais
consagrados pela votação, se considerarmos que cinco das obras eleitas são
dele. Entre elas, a nova trilogia do Cavaleiro das Trevas e um dos filmes
recentes mais bem posicionados em várias das listas: «A Origem» (Inception,
2010), aqui em 10º. Quentin Tarantino, por sua vez, conquistou o 5º lugar com «Pulp
Fiction», mas não apenas: outras cinco posições também são de filmes que
ele dirigiu, como «Cães de Aluguel» (Reservoir Dogs, 1992), em
75º, o segundo filme de sua carreira. Considerando que ele foi diretor em
apenas 11 filmes, a constatação é ainda mais admirável. Stanley Kubrick também
tem seis produções entre as 301, isto é, todos os filmes que dirigiu desde «Dr.
Fantástico» (Dr Strangelove Or: How I Learned To Stop Worrying And Love
The Bomb, 1964), exceto “Barry Lindon”, de 1975.
Por mais que elas nunca apareçam entre os
primeiros, não seria possível, contudo, deixar completamente de fora as
animações, que fazem sucesso desde 1937, com o lançamento de “Branca de Neve e
os Sete Anões” pela Disney. Praticamente todas as animações no ranking,
aliás, são dos mesmos estúdios do Mickey Mouse: entre as que não são, «A
Viagem de Chiriro» (Spirited Away, 2001) é a mais bem classificada,
em 82º. A melhor animação, contudo, segundo os leitores da britânica Empire, é
o épico «O Rei Leão» (The Lion King, 1994), que não por acaso é o
desenho com maior bilheteria da história, além de acumular dois Oscar, dois
BAFTA e três Globo de Ouro, incluindo o de “Melhor Filme (Comédia/Musical)”.
Com a ascensão da computação gráfica, no
entanto, as tradicionais animações começaram a dar lugar para personagens
tridimensionais, e o estúdio Pixar produziu filmes com qualidade indiscutível.
Assim, não é de se espantar que sete de seus filmes − metade dos que já foram
lançados − figurem na lista. A primeira criação é também a que está mais no
topo: «Toy Story» (Toy Story, 1995) aparece em 58º lugar e sua
sequência, «Toy Story 3» (Toy Story 3, 2010) surge em 147º. É
interessante notar a presença de «Frozen» (Frozen, 2013), filme
da Disney, independente da Pixar, que estreou apenas seis meses antes da
divulgação do resultado da votação.
Inclusive, há um número considerável de filmes
da atualidade, talvez porque estejam mais presentes na memória do público.
Apenas de 2013, há onze produções, entre eles vários dos que foram indicados ao
Oscar, como «Gravidade» (Gravity, 2013), em 35º; «O Lobo de
Wall Street» (The Wolf of Wall Street, 2013), de Scorsese, em 85º; e
o vencedor da estatueta de “Melhor Filme” «12 Anos de Escravidão» (12
Years A Slave, 2013), em 119º. Deste ano, somente dois filmes entraram: «Capitão
América 2: O Soldado Invernal» (Captain America: The Winter Soldier,
2014), em 183º, e «O Grande Hotel Budapeste» (The Grand Budapest
Hotel, 2014), do diretor Wes Anderson, em 282º lugar.
Também é notável a presença de filmes que
representam uma fuga ao padrão hollywoodiano, seja porque o idioma falado não é
inglês, seja porque o diretor é de outra nacionalidade. Exemplos disso são o
espanhol/mexicano «O Labirinto do Fauno» (Pan's Labyrinth, 2006),
na ótima 50ª posição; o clássico de Federico Fellini «8 ½» (8 ½,
1963), em 195º; e o também italiano «Ladrões de Bicicleta» (The
Bicycle Thief, 1948), na última posição. É claro que não se poderia deixar
de mencionar o único brasileiro da listagem, «Cidade de Deus» (City
of God, 2002), do paulistano Fernando Meirelles, na muito boa 88ª posição.
Além dele, o filme «Brazil - O Filme»
(Brazil, 1985) também está nela, mas a verdade é que a comédia de
Terry Gilliam, do grupo Monty Python, é de fato britânica e tem pouca relação
com o nosso país.
Por fim, cabe apontar que só dois dos filmes da
franquia “Harry Potter” constam entre os melhores: o primeiro − «Harry
Potter e a Pedra Filosofal» (Harry Potter and the Sorcerer's Stone,
2001) − e o último − «Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2» (Harry
Potter and the Deathly Hallows - Part II, 2011). Quanto à trilogia de «O
Senhor dos Anéis» (The Lord of the Rings, 2001/2002/2003), todas as
partes estão entre os cinquenta primeiros, na seguinte ordem: 7º, 46º e 12º.
A LISTA (NADA) DEFINITIVA DOS MELHORES FILMES DE
TODOS OS TEMPOS
Se as problemáticas de se levar em consideração
listas como a da revista Empire forem relevadas por um minuto, é grande a tentação
de ficar comparando os mais variados rankings entre si, em busca de
padrões − e eles existem! De fato, há alguns filmes que aparecem em duas ou
mais seleções entre os dez primeiros, o que pode ser um bom indício de que
aquele título é um clássico ou, pelo menos, vale a pena ser visto.
Foi com esse objetivo que foi feita a análise
das 7 maiores publicações que pretenderam eleger as maiores obras
cinematográficas desde que os irmãos Lumière abriram as portas para que o
cinema pudesse evoluir e se firmar como um dos principais meios de
entretenimento. Algumas listas, como a comentada acima, eram abertas ao público
− sejam leitores ou usuários; outras, optavam por votantes escolhidos
criteriosamente pelo seu conhecimento técnico. A partir disso, foram comparados
os 10 primeiros colocados de cada lista e verificou-se em quantos rankings cada obra aparecia. Além do
número de listas, analisou-se também − em caso de empate − as posições em que
ele figurava.
Os rankings utilizados foram os seguintes:
“The 301 Greatest Movies Of All Time” (2014), da revista Empire; “Hollywood's 100 Favorite Films”
(2014) da The Hollywood Reporter;
“The Top 50 Greatest Films of All Time” (2012), da revista Sight & Sound,
publicada pelo British Film Institute (BFI);
“AFI's 100 Years... 100 Movies - 10th Anniversary Edition” (2007), do American Film
Institute; “IMDb Top 250” (2014), do
Internet Movie Database; “Top 100
Movies Of All Time” (2014), do Rotten Tomatoes; e “Movie Releases by Score of All Time - Metascore” (2014), do
Metacritic.
E foi assim que chegamos à lista definitiva (ou
não) do IntoMovies para Os Melhores
Filmes de Todos os Tempos! Confira abaixo:
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