quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

Os fabulosos Anos 20


Eu nunca soube direito o que dizer a um ano que termina. Ao que chega, é simples; não é necessário dar instrução alguma, ele mesmo dá um jeito de se ajustar no espaço vacante e começa seu trabalho com impecável maestria. As despedidas, porém, são meu ponto fraco. E, quase sempre, deixam aquela sensação agridoce de alívio e culpa. Finalmente, mais um ciclo que se renova; mas, espera, talvez eu não tenha me despedido dele como deveria, honrado todas as memórias, demonstrado gratidão ou questionado uma última vez uns porquês. Assim o é. A cada 31 de dezembro. Eu já passei por quase trinta desses e o engraçado é que, em vez de melhorar, sempre pioram. É quase que inevitável que cresça a vontade de um adeus solene, enquanto minhas resoluções de ser mais desapegado falham miseravelmente mais uma vez.

Este ano (ou ano passado? ou de lá pra cá?), esse martírio atingiu seu ápice, já que estamos terminando uma década inteira. Os Anos 10. Até pouco tempo atrás, período famoso pelas chagas da 1ª Guerra Mundial. A partir de hoje, uma época em que tanto aconteceu que é difícil defini-la em um só evento ou apenas uma revolução tecnológica. Portanto, fica o questionamento: como se encerra toda uma década? Tentei responder a isso durante as últimas semanas, conforme ameaçava-se a virada do calendário, mas confesso que falhei.

O melhor que consegui foi uma missão que autoestipulei de escrever todos os dias, nem que seja apenas um pouco. Questão de criar o hábito. Bom, este texto é meu começo favorável. Seria uma pena se eu não soubesse que falharei miseravelmente muito antes de terminar o ano. Tenho minhas dúvidas se sequer durará até o mês que vem. Ok, preciso trabalhar no meu negativismo. De toda forma, foi o máximo que consegui para festejar não somente a chegada de uma década nova em folha como um ano de dobradinhas. 20-20. Quando presenciaremos essa maravilha matemática de novo? Daqui a 1100 anos? Parece-me melhor e mais razoável que aproveitemos agora. Pois bem, são 366 nasceres solares pela frente – e eu não faço a mínima noção de o que fazer com eles. E você?

No final, acho que é isto: mais um ano em que fingimos saber o que estamos fazendo. Tomara que possamos nos aproximar ao menos alguns passos do caminho correto e que esse duplo 20 seja auspicioso. Sejamos bem-vindos à nova década! Vai ser fascinante, disso eu tenho certeza. E, bem... nos encontramos em 2030? Combinado então. Até já!